Sabe aquela sensação de não conseguir respirar? De sentir todo seu corpo ficar dormente em um único segundo?
Essa é a sensação que se tem ao sentir a maior parte dos seus planos ruindo e caindo ao seu redor. Essa é a sensação que se tem ao ler coisas que não eram para você ler. Ponto.
Inspira. Expira. Inspira. Expira.
Fecha os olhos bem apertado. Conta até dez e abre de novo.
Continua tudo ali. Exatamente igual a um segundo atrás, mas está tudo diferente.
Você sente algo se partindo, sem saber ao certo onde foi.
Então surge a vontade (praticamente uma necessidade urgente) de sair correndo, fugir sem olhar para trás.
E é exatamente isso que você faz, ainda que olhando pra trás por várias vezes a procura de fantasmas escondidos em cada esquina, mas eles não estão te seguindo.
Então você pira, quer gritar, xingar, bater em alguém ou em algo.
Mas tudo o que consegue fazer é continuar o caminho e fazer tudo o que precisar ser feito de maneira mecânica, mas faz.
E continua fazendo as coisas do modo como tem que fazer.
Mas em um determinado momento percebe que isso é tudo o que resta, tudo o que pode fazer...
E a sensação de estar sufocando volta com força total. O aperto no peito. A angústia sem fim. O estômago revirado. A insônia que te encontra e não larga mais.
E as decisões parecem ficar mais fáceis e fortes do que antes. Do que sempre, talvez.
É preciso um novo amanhecer, um novo caminho, um novo lar, novos sonhos pra completar os que ficaram, nova vida.
É preciso mexer o açúcar que foi para no fundo da xícara, fazendo com que o café ficasse com esse gosto insosso, amargo.
É preciso construir um novo projeto, mas dessa vez com bases sólidas, com uma fundação bem planejada.
É preciso ir atrás de uma nova vida
E é para lá que eu vou.